Amanhã, quarta-feira, dia 4 de Julho, o CERN vai organizar um seminário científico especial para apresentar os resultados preliminares da pesquisa pelo bosão de Higgs, com todos os dados recolhidos e analisados pelas experiências ATLAS e CMS até ao presente. O seminário pode ser acompanhado em http://webcast.cern.ch a partir das 8 da manhã, hora de Portugal.
O bosão de Higgs é uma partícula prevista na "Teoria Padrão", mas que até agora ainda não foi detetada. Apesar da Teoria Padrão das partículas elementares e suas interações ser um dos grandes sucessos da ciência do século XX, ainda existem dois grandes problemas. O primeiro é o campo de Higgs e a partícula que lhe está associada, o bosão de Higgs. Apesar de ainda não ter sido detetada, é atualmente uma peça fundamental para explicar a razão pela qual partículas elementares têm massa. O segundo problema é o facto desta teoria se tornar inconsciente quando extrapolada para energias mais elevadas, sugerindo a existência de "física nova" a uma escala energética provavelmente acessível ao LHC. Apesar do sucesso a mais baixas energias, a Teoria Padrão contém as sementes do seu fracasso a energias mais elevadas.
Presença nacional
As experiências ATLAS e CMS, as duas maiores experiências no colisionador de protões do CERN (LHC), são fundamentais para a deteção dessa mesma partícula. Desde o início de 2012 que o LHC está a funcionar extremamente bem, tendo realizado mais colisões que em todo o ano de 2011 e a uma energia superior (8 TeV). Os métodos de análise dos dados foram refinados pelas experiências e melhoraram significativamente a eficiência de identificação de colisões com maior potencial para a produção do bosão de Higgs, entre o bilião de colisões que ocorrem por segundo.
A participação nacional em ATLAS e CMS vem desde 1995, momento em que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) aprovou a participação do LIP. Na experiência ATLAS os elementos nacionais tiveram um papel central no projeto e na construção da ótica do calorímetro hadrónico TILECAL, desde a sua conceção e desenvolvimento de ferramentas e técnicas para a preparação de fibras ópticas, à construção de um robô para inserção das fibras óticas nos módulos do detector. Na experiência ATLAS, o grupo LIP colaborou na medida da secção eficaz de produção de quarks top e na medida da polarização do bosão-W no decaimento do quark top. O grupo teve um papel importante no estudo da produção de pares de W e na pesquisa do bosão de Higgs neste modo.
Conhecer os resultados
No dia 4 de Julho, às 16:00, no anfiteatro 8.2.38 do edifício C8 da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, terá lugar um colóquio intitulado "Resultados da pesquisa do bosão de Higgs na experiência ATLAS do LHC". Estarão presentes os professores e investigadores Amélia Maio (responsável pelo grupo português, do LIP, em ATLAS), Patricia Conde Muíño e Pedro Ferreira, e será seguido de um debate moderado por Augusto Barroso.
No dia seguinte, às 15:00, é o Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, que recebe uma palestra com o título “Resultados recentes na pesquisa do Higgs no CERN” dada pelo Professor João Varela, vice-diretor da Experiência CMS no LHC, e responsável pelo grupo português, do LIP, em CMS. Ambos os colóquios são destinados a investigadores, estudantes e ao público interessado.
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