Camuflagem plasmônica
Engenheiros usaram a camuflagem
plasmônica - uma das técnicas usadas para criar os mantos de
invisibilidade - para criar um dispositivo que consegue ver sem ser
visto.
O método mais tradicional para criar invisibilidade é usar estruturas físicas
projetadas para interagir com os raios de luz - os metamateriais.
Na invisibilidade plasmônica, tira-se proveito dos plásmons de
superfície, ondas de elétrons que se formam na superfície de metais a partir
de sua interação com a luz.
Neste novo trabalho, realizado por uma equipe das universidades de Stanford e
Pensilvânia, os pesquisadores usaram um truque que parece pouco intuitivo: uma
cobertura de metal reflexivo que torna menos visível o material ao qual essa
película brilhante é aplicada.
Fotodetector invisível
Embora a equipe chame seu experimento de "máquina invisível", o aparato
consiste essencialmente de um nanofio de silício recoberto por uma fina camada
de ouro - seria mais adequado chamá-lo de fotodetector invisível.
Ajustando a proporção entre ouro e silício, a equipe conseguiu fazer com que
os raios de luz refletidos pelos dois materiais cancelem-se mutuamente, um
fenômeno conhecido como interferência destrutiva e que foi usado recentemente para forçar a luz a fazer curvas.
Conforme as ondas de luz surfam sobre o metal e o semicondutor, elas criam uma
separação de cargas positivas e negativas nos dois materiais - um momento
dipolar, em termos técnicos.
O pulo do gato consiste em criar um dipolo no ouro que seja igual em
intensidade, mas oposto em sinal, ao dipolo no silício.
Quando dipolos positivos e negativos de igual intensidade se encontram, eles se
anulam, e o sistema torna-se invisível.
"Descobrimos que um revestimento de ouro cuidadosamente projetado modifica
drasticamente a resposta óptica do nanofio de silício," afirma Pengyu Fan,
primeiro autor do artigo que descreve a descoberta. "A absorção da luz no fio
cai ligeiramente - por um fator de apenas quatro -, mas a dispersão da luz cai
100 vezes devido ao efeito de camuflagem, tornando-se invisível."
Ou seja, o revestimento de ouro, que é normalmente altamente reflexivo, é a
porção do nanofio que se torna invisível.
Espião invisível
Os experimentos mostraram que a invisibilidade plasmônica é eficaz em grande
parte do espectro de luz visível e que o efeito funciona independentemente do
ângulo de entrada da luz ou do formato e do posicionamento do nanofio.
O mecanismo também funciona com outros metais em lugar do ouro, como o
alumínio e o cobre, com rendimento semelhante.
Segundo a equipe, esse espião invisível - ele detecta a luz do exterior, mas
a luz que ele próprio emite não pode ser vista - poderá ter utilidade em áreas
como células solares, sensores, LEDs, lasers semicondutores, entre outras.
Em câmeras digitais e sistemas avançados de imageamento médico, por exemplo,
pixels camuflados plasmonicamente poderão reduzir o ruído entre pixels vizinhos,
que geram imagens borradas.
"Nós podemos até mesmo imaginar a possibilidade de fazer uma reengenharia dos
aparelhos optoeletrônicos para incorporar novas funções valiosas e para alcançar
densidades de sensores que não são possíveis hoje," afirmou Mark Brongersma,
coautor do estudo.
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