12 de junho de 2012

Consumo desenfreado ameaça futuro do planeta

O rápido crescimento demográfico e o consumo desenfreado estão a destruir "sem precedentes" a Terra, alertou esta semana o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), na véspera do início da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

Smog na China: Várias cidades do país registam os níveis mais elevados de poluição atmosférica em todo o mundo.
Smog na China: Várias cidades do país registam os níveis mais elevados de poluição atmosférica em todo o mundo.

O documento Geo-5 da PNUMA pede uma transformação no rumo da humanidade, de forma a evitar o desastre para o qual o futuro parece apontar. Ao mesmo tempo, a organização responsabiliza, em parte, os governos pela passividade em resolver a questão.

"Se as estruturas atuais de produção e consumo dos recursos naturais se mantêm desta forma e não se fizer nada para inverter a tendência, os governos deverão assumir a responsabilidade de um nível de deterioração e de impacto sem precedentes no meio ambiente", advertiu o chefe do PNUMA, Achim Steiner.

O documento foi publicado 20 anos depois da histórica Cimeira da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992.

Segundo dados da ONU, a procura global de alimentos terá aumentado cerca de 50% em 2030, a de água 30%, e a de energia à volta de 45%, ao mesmo tempo que o aquecimento global e a pobreza.

Padrões de consumo não sustentáveis

Desde 1950, a população mundial duplicou tendo chegando a sete mil milhões de habitantes. Em 2050, esse número chegará aos 9,5 mil milhões. Perante esta realidade, a PNUMA considera necessário incentivar um desenvolvimento sustentável, que satisfaça as necessidades dos que habitam o planeta sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras.

O crescimento demográfico e económico de algumas economias, como a chinesa, "estão a levar os sistemas do meio ambiente a limites desestabilizadores", afirma o documento. Além disso, considera que os padrões atuais de consumo, sobretudo no Ocidente, não são sustentáveis.

O relatório adverte ainda que apenas quatro das 90 metas definidas pelos Estados membros da ONU como prioritárias para proteger o meio ambiente registaram avanços significativos. Uma delas é o acesso à água potável pelos mais pobres, que não chegará a 600 milhões de pessoas mesmo em 2015, além dos 2,5 mil milhões que não terão saneamento.

Promover economia verde

Entre as melhorias significativas dos últimos 20 anos estão também a eliminação da produção e do uso de substâncias que agridem a camada de ozono, avanço que evitará milhões de casos de cancro de pele e cataratas até 2100. Houve também registo de progressos nas pesquisas para reduzir a contaminação dos mares, que continua, no entanto, a ser dramática e a provocar, por exemplo, uma grave deterioração das barreiras de coral.

O relatório aponta pequenos progressos em 40 objetivos ambientais da ONU, por exemplo, no aumento de áreas protegidas, como parques nacionais, e uma redução da desflorestação como no caso da floresta Amazónia. A uma escala global, a emissão de gases poderá duplicar nos próximos 50 anos, o que causaria uma subida da temperatura média de pelo menos três graus de hoje até o fim do século, lamenta o PNUMA.

Um total de 24 objetivos não registaram nenhum progresso nem retrocesso nas últimas duas décadas. A organização ilustra a urgência em promover uma transição radical em direção a uma economia verde, que permita reduzir as emissões de carbono, proteger os recursos naturais e gerir os empregos, insistiu o chefe do PNUMA.


Precedida por uma série de reuniões e encontros informais, a Rio+20, que começa na próxima quarta-feira, 13 de junho, vai reunir cerca de 50 mil especialistas, representantes governamentais, empresários e ativistas, para discutir o futuro do planeta. A economia verde, como marco de um desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza, vão estar no centro conferência, cujos debates mais importantes decorrem entre 20 e 22 de junho, com a realização da cimeira da ONU e a presença de líderes políticos.


Fonte: www.sapo.pt

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