29 de junho de 2012

Domingo vai ter menos um segundo (e tudo o que isso implica)

Diminuição da velocidade de rotação da Terra já levou à redução de 25 segundos nos últimos 40 anos



O próximo domingo vai ter menos um segundo devido a um acerto da hora imposto pela diminuição da velocidade de rotação da Terra, situação que já levou à redução de 25 segundos nos últimos 40 anos.

A decisão segue uma recomendação da entidade internacional que estuda a relação entre a rotação da terra e a medição do tempo atómico, o International Earth Rotation Service (IERS).

A alteração, no caso português, passa por adiantar a hora oficial às 00:59,59 para a 01:00,00, no caso do Continente e do arquipélago da Madeira, enquanto nos Açores a mudança ocorre das 23:59,59 de sábado para as 00:00,00 de domingo, de acordo com a autoridade portuguesa que estabelece e fornece a hora legal do país, o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).

Este tipo de acerto, com a introdução de um «segundo intercalar», é feito no final dos meses de junho ou dezembro e começou a ser realizado em 1972, ano desde o qual foi feito 25 vezes, de acordo com o OAL.

O diretor do Observatório, Rui Agostinho, explicou à agência Lusa, nesta sexta-feira, que a diminuição do tempo que a Terra leva a concretizar uma volta em torno do seu eixo, que equivale a um dia (24 horas) é constante e calcula-se que vai prolongar-se de modo a que dentro de 4.600 milhões de anos, se o planeta ainda existir, irá parar definitivamente, de acordo com as previsões científicas.

A redução da velocidade é devida à força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra e à diferença do efeito que essa ação produz na superfície do planeta ou no seu centro e que é a responsável por a existência de marés nos oceanos, ao levar a água a deslocar-se de um lado para o outro nas longas superfícies marítimas do planeta, explicou o investigador.

O relógio marcar mais ou menos um segundo pode parecer indiferente, mas na atualidade pode ser determinante para falhar um prazo e o tempo acumulado levar a variações de meses ou dias, como sucedeu no império romano ou mesmo já no século XVI.

«Num segundo pode-se perder ou ganhar muito dinheiro» nas bolsas de valores, exemplificara, em anteriores declarações à Lusa, o diretor do OAL.

Depois de ter sido medido através da observação dos astros, com ampulhetas, relógios de sol, mecânicos ou eletrónicos, chegou-se aos relógios atómicos que mantém o tempo na atualidade.

Só que o rigor destes equipamentos, que funcionam com base nas caraterísticas de um metal chamado césio, não se compadece com as oscilações no movimento de rotação da terra, e sustenta, Rui Agostinho, desde 1958 as máquinas já contam com um avanço de 34 segundos em relação ao tempo solar médio, ou hora legal.

Aquando da introdução do tempo atómico, há 53 anos, foram feitas as contas que determinaram a duração da unidade de tempo que é o segundo (Sistema internacional de Unidades), a partir da subdivisão de um dia completo em 24 horas, depois em minutos e finalmente em segundos.

Correções na contagem do tempo levaram o imperador romano Júlio César a acrescentar dois meses ao ano 46 a.C. e a que, em 1582, o papa Gregório XIII tivesse feito um acerto ao calendário, galgando dez dias de uma vez.

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